domingo, janeiro 31, 2010

Amigos


Gosto tanto deste texto de Oscar Wilde, que resolvi publicar aqui, neste meu blog esquecido a um canto do computador.

Peço desculpas àqueles que me seguem, deixei esta página abandonada mas agora, estou novamente na activa e só para recomeçar com o pé direito, ou a mão direita, sei lá, um trecho"extraído" da genialidade de Mr. Wilde. Um dia ainda hei de escrever alguma coisa assim...

Aos meus amigos, família e conhecidos, santos ou loucos, dos que já passaram e ficaram na memória e no coração, daqueles que fazem parte do meu presente e de todos os que, porventura, ainda atravessarão esta minha jornada, este meu primeiro post de 2010 é para vocês...

Obrigada por me aturarem


"Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Oscar Wilde
Imagem: símbolo da Amizade

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Temos mais um anjo da guarda


Hoje a tristeza tomou conta de mim. Estou a ficar como um queijo suíço cheio de vazios.

Hoje, dia 4 de Dezembro, mais uma pessoa que muito amei, partiu para outro plano. Sim, já estava à espera, mas parece que quando o facto foi consumado, um vazio, um sentimento estranho foi se entranhando cá por dentro, sem que eu pudesse definir se é tristeza, saudade ou outra coisa qualquer.
Bateu então um aperto no peito e uma grande vontade de escrever sobre a tia Eunice, uma pessoa que viveu para ajudar e, que mesmo sem querer, ela ajudava. Quando morávamos no Grajaú, era ela que durante muitas noites, abria a porta quando eu chegava tarde da Universidade e tinha um prato quentinho preparado para mim. A tia Eunice que falava tanto deste mundo quanto do outro, onde ela está agora. A tia Eunice, magrinha, de cabelos brancos, sempre de roupas claras, a costurar, ou de pernas cruzadas a ver televisão no jardim de inverno. A tia Eunice, que amava os animais e adoptou um pequenino cão “vira-lata”, que sorria quando a via. A tia Eunice que, da última vez que falámos ao telefone, brincou dizendo para eu levar um português bem bonito para que ela pudesse dançar a valsa no seu próximo aniversário, ou melhor, no seu 100.º aniversário que seria comemorado em Fevereiro do próximo ano. Bom, ela não chegou lá, mas tenho a certeza, por tudo o que ela viveu, sem vícios (medicamentos só da homeopatia), alimentação saudável e por todos a quem ela tocou com o seu amor simples, que hoje, ela foi realmente para um plano superior, muito superior. Tenho a certeza que ela está bem.

E é por isso, que essa tristeza que sinto é uma tristeza estranha. Fico triste pela saudade que a sua lembrança me desperta, mas ao mesmo tempo parece que há um certo alívio neste meu sentimento, porque acredito que ela está muito melhor. Descansou desta vida cumprida e comprida que teve e, com a sua espiritualidade e sentido de uma vivência límpida e clara, por tudo o que ela passou na sua juventude, por todo o sacrifício que impôs a si mesma, tenha a certeza que ela está bem e em boa companhia.

Nós perdemos uma pessoa querida e ganhámos mais um anjo da guarda.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Mineiro, Uai !

Sou leitora assídua da Coluna do Zé Arnaldo ( http://www.zearnaldo.com ) que sempre me põe a par do que se está a fazer em Bicas. Na edição nº 257, publicada no dia 30 de Setembro, encontrei um detalhe interessantíssimo que gostaria de partilhar aqui.


A curiosidade foi enviada por uma outra leitora da coluna de Zé Arnaldo, Cristina Martins. Bom, posso dizer que hoje já aprendi mais uma 'coisinha' e você, sabe de onde surgiu a expressão Uai?


“Segundo o odontólogo Dr. Silvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, foi o presidente Juscelino Kubitschek que os incentivou a descobrir a origem.

Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, Dorália encontrou explicação confiável.

Os Inconfidentes Mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria nas portas dos esconderijos.


Lá de dentro, perguntavam: Quem é?, E os de fora respondiam: UAI - as iniciais de União, Amor e Independência. Só mediante o uso dessa senha a porta seria aberta aos visitantes.

Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas. Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporação ao vocabulário quotidiano, quase tão indispensável como tutu e trem.

Uai, sô...

"Nota.: A pesquisa foi feita por Saulo Santigado, de Brasília (DF) e publicada no jornal Correio Brasiliense.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Hoje sou criança!



Para mim, hoje é um dia muito especial. Faz 47 anos que eu vim ao mundo. Pode ser uma data insignificante para a maioria dos mortais, mas perdoem-me, é o meu dia e volto a sentir-me uma criança.
Este ano o meu primeiro telefonema veio de Itália, o segundo do Rio de Janeiro e foi revigorante ouvir a voz de pessoas que amamos e que sempre irão fazer parte da nossa vida. Bom demais!
Sinto que neste dia estou cercada de amor, como se fosse uma redoma brilhante que toma conta de mim e envia energia positiva a quem se aproxima.
Gosto de pensar em tudo o que vivi até agora, gosto de me lembrar de pessoas que não vejo há muitos anos mas que fizeram parte da minha infância, juventude e plenitude. Gosto de receber presentes, telefonemas, parabéns, abraços e beijos. Gosto de me sentir assim, simplesmente porque é bom, muito bom.
Sei que hoje muitas pessoas estão a pensar em mim e sem que se apercebam enviam-me muita energia, da boa.
Há pessoas que já perderam o meu contacto e outras de quem não tenho mais notícias, mas elas estão cá, na minha memória, fazem parte da minha história.
Na semana passada recebi um e-mail do Amarildo, que estudou comigo no Liceu em Bicas, com uma foto da turma, em 1969/70. Foi como se uma cortina abrisse numa janela fechada da minha memória.
Lembrei-me do apito da fábrica a dizer que estava na hora de sair de casa, de um outro apito, o da Maria Fumaça, da hora do recreio, da canjiquinha na cantina, de cantar o hino, em fila, à entrada, antes das aulas, de tanta coisa, minha nossa. Parece que o sol penetrou num lugar que estava escuro e perdido lá no passado, éramos tão felizes e nem sabíamos...
Hoje é o meu dia e agradeço ao 'cara' lá de cima tudo o que me foi destinado até agora, a família, amigos, momentos felizes e outros nem tanto, mas foram momentos que me ensinaram, foram momentos que me fizeram a mulher que hoje sou.
Vá lá, sopre a velinha comigo, um... dois... e.... pfuuuuu.....
Brigadão!

domingo, setembro 20, 2009

USA for Africa


Para matar saudades...

Para quem é ainda muito novo para se lembrar, este foi um grande sucesso em várias partes do mundo, incluindo Brasil.

Belos anos 80. Lembro-me de juntarmos grandes turmas para cantar em karaokês no Baixo Leblon

Era o must dos musts...

Vale a pena dar uma espreitadela a essa turma especial que conseguiu unir-se e proporcionar um dos maiores momentos da música inter-cultural-racial-artística-global.

O single foi escrito por Michael Jackson, e depois é só ver o "cacifo" dos vocalistas:
Bob Dylan, Kim Carnes, Ray Charles, Daryl Hall, James Ingram, Michael Jackson, Al Jarreau, Billi Joel, Cyndi Lauper, Huey Lewis, Kenny Loggins, Willie Nelson, Steve Perry, Lionel Richie, Kenny Rogers, Diana Ross, Paul Simon, Bruce Springsteen, Tina Turner, Dionne Warwick, Stevie Wonder, Dan Aykroyd, Harry Belafonte, Lindsey Buckingham, Sheila E, Bob Geldof, Jackie Jackson, LaToya Jackson, Randy Jackson, Tito Jackson, Waylon Jennings, Bette Midler, John Oates, Jeffrey Osborne,The Pointer Sisters e Smokey Robinson.


Quanto aos instrumentistas, o que muita gente não sabe é que tinha lá o "dedinho" de um carioca na percussão: Paulinho da Costa, que acompanhava Michael Boddicker - sintetizadores, programação, Louis Johnson - baixo, Michael Omartian - teclados, Greg Phillinganes - teclados e John Robinson - bateria, ou seja, gente da pesada.


Com vocês, We arte the World


Desabafos de uma brasileira...


Em terras lusas desde o início de 1992, enfrentei muitas "batalhas" num país onde ninguém conhecia e passei a fazer parte de uma minoria.
Cheguei aqui quando ser brasileira era quase pejorativo. Passei dificuldades, fome, solidão, fui maltratada muitas vezes, sofri acidentes e, sem dar o braço a torcer, dizia à família que estava tudo bem.
Por carta era mais fácil e ainda não havia ocorrido o advento dos telemóveis banais e e-mails. Mas não foram sempre momentos ruins.
Posso dizer que do muito que passei, também houve um outro lado. Encontrei gente honesta, bondosa e desprendida que irei sempre agradecer em minhas orações, porque ajudaram-me a ultrapassar todas as etapas mais difíceis e deram-me um bocado do espírito “Pollyana”, de encontrar sempre uma coisa boa para ultrapassar o ruim, achar o lado bom de cada momento negativo.
Passei também a dar valor ao país onde vivo e que um dia foi também do meu avô e reconhecer o valor do país donde vim. Surgiu um patriotismo que eu não sabia que existia. Quis “consumir” tudo o que vinha do meu Brasil Varonil: música, artes, literatura, gastronomia e cultura. Passei a ser uma “defensora” verde e amarela.
As saudades fazem sempre parte da minha vida. Agora tenho saudades da família, da minha terra, dos carinhos, da infância e da juventude. Penso que este será um sentimento que vai perdurar, porque se um dia, voltar para o Brasil, tenho a certeza absoluta que sentirei saudades de Portugal. A nostalgia apaga aqueles momentos ruins e dá um tom cor-de-rosa a tudo. É interessante a capacidade do ser humano em esquecer as coisas mais trágicas. Fantástico!
Essas são páginas viradas de uma das vidas que vivi nesta minha passagem. É que as fases da minha vida são tão vincadas, em lugares tão distintos, que às vezes tenho a impressão de que são vidas de outras pessoas. Mas esta página, este momento que estou a viver, agrada-me muito. Problemas todos temos e continuaremos a ter, enquanto por cá andarmos. Mas depois de dar a volta por cima, tudo o que vier, vem bem.
Que os bons ventos continuem...
Foi por isso que eu resolvi construir este blog. Para estar em contacto. Em contato com o mundo, em contato também com as minhas lembranças, sem perder o rumo da actualidade.
Sei que muitas pessoas ficam á espera que eu escreva qualquer coisa diferente. A 'galera' de Bicas city parece estar sempre atenta. Pode ter sido negligenciado por muito tempo, mas agora vou “detonar”.
Um bem haja a todos aqueles que por cá passarem para dar uma “espreitadela”. Sintam-se bem vindos!
Isso aqui era prá ser um pouquinho de Brasil, iá iá...

Parecem brasileiros?

Um coral da longínqua Eslovênia, Perpetum Jazzille, consegue um ritmo de samba quase impossível para muitos estrangeiros.
Claro que dá prá sentir uns nuances na pronúncia, mas está lindíssimo. Vejam e comprovem !

http://www.youtube.com/watch?v=jmttwEHdfB0

Tem que ser 'na base' do link porque ainda estou a ver como coloco vídeos no blog...

sábado, setembro 19, 2009

Especialmente diferente


Gente, verão tá acabando.
Devagarinho, o vento e o frio começam a chegar a este "jardim á beira-mar plantado". Mais um verão e não fui à praia. Parece mentira!. Trabalhei como uma louca e nem tive tempo de molhar os pés no mar.
E da maneira como estou branca ficava até mais fácil entrar em contacto com a família, porque assim que os raios de sol banhassem esse corpinho emprestado por Deus, provavelmente o reflexo seria tão forte que ia ser visto lá do Brasil! Podia fazer sinais de luzes. LOL

Mas, não estou para falar do verão que isso já há muita gente a fazer. Quero falar um pouquinho sobre preconceitos.

Ontem, participei de uma tertúlia sobre quebrar preconceitos. Foi enriquecedor. Uma iniciativa do movimento jovem local (MOJU) que elaborou um projecto fantástico: Olhares sem Preconceito e que, durante o ano passado, tentou mostrar aos olhanenses um pouco da cultura de vários povos que escolheram viver no concelho de Olhão. Brasi, India, Cabo verde e países de Leste juntaram-se ao projecto e tentaram passar um pouquinho da gastronomia, artes, história e vivências. Nem precisa dizer que "agarrei" esse projecto desde o início.

Ontem foi o culminar desta iniciativa. Estive em cima de um palco, a falar da minha experiência em Portugal e ouvi a história de alguns imigrantes de outros países, alguns com uma grande barreira de separação: a língua.

Mas a parte mais tocante foi o depoimento de alguém, com laços africanos e de raça negra. Esta pessoa sofreu por causa da sua côr, apesar de ter nascido em Portugal. Era chamada de preta, escarumba, gorda, tudo o mais que, para uma criança, pode ser altamente prejudicial na sua formação. Diziam uma frase que também já ouvi muitas vezes em Portugal: "Volta prá tua terra!". Na sua inocência infantil mostrava o seu bilhete de identidade e dizia: eu sou portuguesa!Mas esta pessoa, hoje uma mulher, conseguiu "sacudir a poeira e dar a volta por cima". Confesso que fiquei tocada com a sua história e vi, no rosto de alguns ouvintes, que este não é um caso isolado. E não é.

O preconceito, a diferença e a xenofobia são reais. Existem, por vezes de uma forma velada, mas estão lá. Só me pergunto. Por quê? O pré-conceito é uma forma horrível do ser humano mostrar a sua ignorância. O preconceito pela cor e origem de outro ser humano, o preconceito pelas opções sexuais (não vejo o que uma opção sexual de uma pessoa possa interessar a outra), o preconceito até mesmo por algum tipo de tarefa ou trabalho ou pelas suas posses e grau cultural, sei lá...

Não consigo entender, por exemplo, o facto de ser negro, ou chinês, ou brasileiro, ser homossexual ou pobre possa prejudicar alguém.

Acredito que a única pessoa que se prejudica é a própria pessoa que vive uma vida preconceituosa. Muitas nem sabem o que é preconceito mas minimizam quem é diferente.

Ei, acordem, cada um é livre de escolher o seu caminho.

Li algures que "a cor da pele, o que somos ou fomos é simplesmente banal , porque a caveira que somos é sinal de igual!".

Já não me apetece escrever sobre este assunto. Vou é dirigir uma oração por essas pessoas, que sem saber, estão a fazer muito mal a elas próprias:

"Senhor, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem!"
Nota: As várias cores deste post foram propositais !!!

sexta-feira, setembro 18, 2009

Como o Roberto Leal - Remake



A pedidos, estou a republicar um post de Setembro de 2005:

"Como o Roberto Leal"

Já estou como o Roberto Leal, que sente-se português lá e brasileiro cá.
Quando chegamos aqui (de lá) ou cá (de cá) a confusão instala-se.
Termos e palavras portuguesas com sentidos completamente diferentes fazem com que brasileiros recém-chegados cometam gafes atrás de gafes. Nunca, em momento algum, diga que deu uma rata, que aqui é tremendamente pejorativo. Cometeu uma gafe, viu? GAFE !

Tou sim, ou está lá, são as habituais saudações, e com licença, as despedidas, quando se fala ao telefone. O celular passa a telemóvel e rapariga não é palavrão.
Comprar carne no talho ou um martelo na drogaria ou linhas e agulhas na retrosaria, são alguns exemplos das subtis diferenças. Mas o melhor é que carregar é o mesmo que apertar, e autoclismo é o mesmo que descarga. Tem mais, muito mais. Não se despeja o lixo e sim, deita-se o lixo. Não se usa água sanitária, mas sim, lixívia. Uma lagartixa vira osga e uma patricinha é queque (Não confundir com que + ca – é palavrão e designa acto sexual).
Se é da hora, é fixe e se é fantástico, é bué d’a fixe. Se uma pessoa é legal, prá cima, aqui passa a ser porreira. E paneleiro não é aquele faz panela, mas é o gajo, ou cara, que senta na boneca. Bicha portuguesa é fila brasileira.
Cu não é palavrão e designa a parte traseira, a poupança, as nádegas, o bumbum dos portugueses e portuguesas, aliás aqui, o comum não é cair sentado, mas sim, cair de cu. Injecção é pica. Já viram então como fica, levar uma injecção nas nádegas. É prá qualquer brasileiro ou brasileira, que não goste, é claro, sair correndo de uma sala de hospital ou enfermaria, ah, e quem tem muita energia, é porque tá cheio de pica. Pensando bem, até tem um bocado de lógica.
Aqui nada é planejado, tudo é planeado. Cueca é de mulher e homem usa camisola. Aliás, para dormir o que se usa é camisa. Antes de deitar, lavam-se os dentes na casa de banho. A privada vira pia, e a pia passa a ser lavatório. Não se esqueça então, de carregar no autoclismo, tá a ver? Ah, aqui, em algumas regiões, dá-se banho e não toma-se banho.
Puto também não é palavrão, aliás, puto é o mesmo que menino, mas o feminino continua a significar a mesma coisa tanto em terras lusas quanto em terras de Vera Cruz.
Ir ver uma partida de futebol é ir à Bola, se for a praia, vai à banhos, se for a padaria, vai ao pão. O mais giro, ou o mais bonito, é que engraçado é bonito. Não, não estou disléxica, é que se achamos que alguém tem uma beleza especial, então achamos a pessoa engraçada. Dá p’rá sentir a confusão? Uma pessoa engraçada para o brasileiro é uma pessoa cómica para o português.
Essas são apenas algumas das diferenças que o oceano interpôs entre o português do país original e o português do nosso Brasil.

Você sabia que cerca de 6.800 línguas são faladas em todo o mundo? Se quiser saber quantas línguas existem no Brasil, é só ir ao site http://www.aultimaarcadenoe.com/linguistico.htm

Momento super especial

Há momentos na vida de um jornalista que valem por todas as desgraças com que lidamos no dia-a-dia. Há momentos na vida de uma brasileira há quase 20 anos longe do seu país que valem tanto que não há nem com o que comparar.


Estar à conversa com o Gilberto Gil, uma pessoa fascinante e com uma luz fantástica, foi um desses momentos.


E como eu sou de matar a cobra e mostrar o pau, aí tem registado numa fotografia o momento que se tornou ainda mais especial por ter sido partilhado com o 'rei do samba', o Martinho lá da Vila.


São esses momentos que compensam todos os outros trabalhos, muitas das vezes penosos, que vivemos a cada dia como jornalista, neste mundo cada vez mais maluco.


Para quem gosta de vir aqui dar uma olhadela naquilo que escrevo (agora será mais amiúde), taí ! Acho que dá prá perceber o meu estado de espírito naquele momento.
Beijocas...

domingo, agosto 30, 2009

De bobeira...

Trabalhando que nem uma louca hoje tirei umas duas horitas prá ficar de bobeira. Sem nada de concreto prá falar, escrever ou ler. E como há muito tempo não tenho escrito nada nos meus blogs vou actualizá-los.
É verão aqui na Zoropa. Como se diz aí no Brasil, "num é mole não". Depois de vários meses de frio, chuva, cachecóis e luvas, o calor vem com a força toda. Calor, radiação ultra-violeta, incêndios, gripes malucas e os milhares de turistas que literalmente invadem o Algarve nesta época do ano. Parecem aquelas formiguinhas, umas atrás das outras, não daquelas que ajudam as suas iguais a carregar uma pesada folha, mas daquelas que tentam tirar o pedacinho da folha da outra formiguinha que ficou prá trás. E depois vêm stressadíssimos. Também trazem mulher, filhos, sogra, papagaio, periquito, o cão e querem ir a praia com toda essa gente, mais a toalha, cadeira, caixa com cerveja, a bola pro filho, a piscininha prá filhinha, a barraca, os sacos com protetor solar, cigarros, biscoitos, banana, ufa...Aqui, onde moro, para ir à praia, só mesmo apanhando barco. Já viu o que é enfrentar uma fila enorme de outros turistas iguais, logo de manhã, depois de um café da manhã barulhento, entrar num barco atulhado de gente, com essa tralha toda? Isso sem contar o tempo que demorou prá estacionar o carro porque milhares de pessoas tiveram a mesma idéia. Depois tem de andar até a praia carregando tudo sem pensar na volta. Quando estão todos bem rosados, saem da praia, enfrentam outra fila, outro barco a abarrotar e aí começa mais um perrengue.
Chegar a Olhão, ir buscar o carro que entretanto ficou mal estacionado, tem um papelzinho azul no pára-brisas dizendo que tem de ir à Polícia pagar a multa por ter parado ali. Corre prá casa alugada por um preço astronómico. Só consegue tomar banho depois da mulher, filhos, sogra, papagaio e periquito. Ah, e o cão, é claro.
Depois a mulher quer sair prá ir a um restaurante. Outro perrengue prá estacionar o carro, encontrar um restaurante que tenha lugares prá essa gente toda. As crianças choram que têm a pele a arder. A sogra reclama, a mulher tá aborrecida. E o cara aguenta, até um certo ponto. Uma hora acaba por estourar. Depois quem é que paga tudo isso? Quem mora aqui, porque quem está de férias tá tão stressado que desconta em qualquer um. Maltratam os empregados de supermercado, de padaria e de restaurante.
É, viver no sul de Portugal com essas praias magníficas a receberem galardões internacionais é dose. Cada vez vêm mais turistas stressados querendo ver tudo em poucos dias.

Praia prá nós? só quando acabar o mês de Setembro, senão stressa.
Viva a internet e as novas tecnologias. Já pus um protector de ecran com uma bela paisagem da Restinga da Marambaia e vou sonhando que estou ali naquelas areias branquinhas.

Falando sério, acho que estou mesmo a precisar urgentemente de ir ao Brasil. Saudades da beleza do meu Rio e do encanto de Bicas, Guarará...

Para o ano quem sabe?

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Sentidos em Bicas


Demorou, mas fiquei fã do Orkut. É quase um milagre encontrar pessoas que não vemos há tanto tempo. Fui pesquisar por Bicas, é claro, e achei montes e montes de comunidades, umas sérias, algumas nem por isso e outras assim, assim...
Como já há muito tempo não dou o "ar da minha graça" por aqui, resolvi tirar o pó de mais algumas memórias em Bicas. Não me levem a mal aqueles que acham que Bicas não presta, como li em algumas comunidades jovens do Orkut, mas nos anos dourados, ou prateados, sei lá, a minha percepção era outra.
Apesar dos tempos difíceis parece que a vida era um bocadinho mais cor-de-rosa, sem a globalização e a consciência de todas as guerras que graçam por este mundo afora. Não via os males políticos mas o “bem viver”. Penso que, talvez por isso, os meus sentidos não esqueceram.
Ainda era um bocadito como aquela música do Ataulfo Alves, "eu igual a toda meninada, quanta travessura eu fazia... eu era feliz e não sabia". Os garotos ainda jogavam bolinha de gude nas calçadas, os circos ainda acampavam no Bairro Santana, a Júlia ainda cantava na Igreja. Eu era pequena mas ainda me lembro da Júlia cantando durante a Missa. Aliás a minha memória musical passa também pelas aulas de piano e flauta da D. Sofia e da sua mãe, acho que era a D. Mafalda a cantar Carlos Gomes e claro, o "Seu" Vicente Rossi. Aliás, falar de música em Bicas sem falar do Seu Vicente Rossi devia ser considerado quase um "pecado", já que ele marcou várias gerações. Era um verdadeiro apaixonado pela música e conseguia que muitos apreciassem a sua paixão. Até hoje e graças ao Seu Vicente Rossi, conheço alguma da clássica música brasileira que poucos conhecem.
Um pouco mais tarde, entrando na adolescência, os sons eram outros. Apesar dos Genesis, Elis, Pink Floyd e Chico, não me esqueço do Carlos da Casson. Não das notas de falecimento, prrrrá tum
tchiiii, mas dos bailaricos e serestas onde eu dançava a não mais poder, da panela velha é que faz
comida boa e claro do pinga ni mim. E ainda na parte dos sons, apesar de haver umas cervejas à mistura, como não me lembrar das deliciosas cantorias nas Exposições, na barraca do Edir e no Chora Morena?
Mas as minhas lembranças também ouvem o bem-te-vi anunciando a chuva, o sabiá cantando, o meu melro anunciando a chegada de mais um dia, a buzina do leiteiro, a sirene da Leopoldina e o apito da Maria Fumaça.
Mas havia muito mais. Os cheiros, por exemplo. Como é que poderia me esquecer dos cheiros? No verão quando o dia terminava, um perfume a "Dama da Noite" invadia o Bairro Santana. Quando chovia, a terra molhada exalava um odor tão caracteristico e agradável que raramente senti em outra parte desse mundão que tenho visitado.
Mas já que entrei na onda dos sentidos, já falei da audição, do olfacto. Vamos ao sabor. Por que não lembrar-me dos aniversários e os docinhos da Tia Nirlene, a goiabada da Tia Maria José ou as balas de côco da Geralda doceira? Ou das "caçarolas" da Padaria do Chiquim? Café com pão fresquinho, quentinho, com manteiga Girafa. E comer jabuticaba no pé? Ou das coxinhas de galinha e o sorvete de ameixa do Pedro Machado? Nossa, claro, o Grapette. Tá bem, não era feito em Bicas, mas o sabor do Grapette faz também parte da minha memória gustativa.
Agora, a visão: Não sei como está actualmente mas o "mar de morro" era o que eu via quando abria a janela pela manhã. Adorava os arredores de Bicas, o Jardim e a Igreja, a gruta, a beleza dos fins de tarde e o colorido das roseiras em flor.
Falta o tacto? Ok, esse é um dos mais importantes, o carinho, o toque, a emoção de "pegar na mão" das primeiras paqueras, e claro, a lembrança dos abraços dos parentes queridos. Esses são cada vez mais raros.
E à medida que o tempo ia passando, e que eu ia perdendo gradualmente a inocência de criança, que mudavam os meus sonhos e desejos e que a adolescência se impunha, tudo parecia sempre muito natural. Os dias eram longos, havia tempo para conversar em família, visitar amigos e colegas, passear pela cidade, à toa, sem ter que ir a lugar algum, apenas andar pela cidade, à pé ou de bicicleta, ou mesmo sentar à frente da casa, sem ver nada em particular, mas apreendendo cada detalhe da rua, da escola, das pessoas, enfim, de Bicas.
Hoje os sentidos continuam activos, claro, uns menos que outros, mas como costumo dizer, é do caruncho. Mesmo assim, muitas vezes, uma brisa traz um cheirinho qualquer que me lembra Bicas ou mesmo uma frase ou história, contada aqui em terras lusas, faz-me lembrar e dizer muito rápido: em Bicas também era assim...
Lúcia

quarta-feira, julho 23, 2008

Bicas City


Retto Júnior
Há muito que tenho prometido historias de Bicas City, mas os horários, as actividades de verão, a saúde, enfim, a vida não têm me deixado tempo, ou melhor até tem, só que há sempre tanta coisa prá fazer, que passa até que ontem, recebi um e-mail simpático de uma professora em Guarará, a Mariana, que disse estar “viajando” com os textos do blog e falou do Antonio Carlos e da Lia, que parece estar aposentada e curtindo a outrora calma e hidratada Guarará.
É engraçado como as lembranças também ajudam a ultrapassar uma das duas únicas certezas desta vida: a temerada morte. A outra certeza na vida é pagar impostos mas isso não vem ao caso agora. O ano de 2007 foi daqueles que marcaram e que empobreceram a minha família. De caras, perdi a minha querida madrinha, Wilma Pires, a dindinha Wilma, depois foi a tia Maria José e no final do ano, o choque: Tio Rogerinho. Como estou longe, finjo que ele ainda não foi para o outro lado e assim a tristeza não bate muito forte.
Já há algum tempo que não vou ao Brasil mas tenho quase a certeza que Guarará e Bicas já são uma só. Lembro-me quando a Rua da Caixa e a Rua do Bonde terminavam no Posto de Gasolina. Depois era só terra batida até Guarará, claro passando um pedaço pela estrada, e que não deixava de ser uma aventura ir até lá de bicicleta. O melhor ainda era ir até ao final da Rua da Caixa, ou do Bonde (agora confundo as duas), subir aquela rampa da estrada e descer, sem pedalar, com o vento batendo no rosto, em alta velocidade (que perigo!), até a entrada para Guarará e claro, não voltar sem beber aquela água deliciosa. O pior era ter de voltar empurrando a bicicleta, mas sempre valia a pena.
Se a vó sonhasse as peripécias que fazíamos... Eu hoje acredito que o meu Anjo da Guarda deve ter tido uma grande trabalheira para me proteger.
Isso era uma das coisas perigosas que nós fazíamos, como por exemplo fazer rail descendo o morro do hospital até ao bairro Retto Junior. É que entre a estrada de terra que havia ali e a escola, o terreno era baldio, cheio de altos e baixos, mas os sustos eram superados pela adrenalina. Ah, e sem esquecer o cachorro preto de uma senhora que morava ali na curva em direcção à lagoa, em frente à casa do Jairo (ou será que era do Josmar?) e costurava prá fora. Aquele cachorro foi o nosso inferno infantil. Era enorme e assim que nos via até punha-se como os tigres, de cabeça baixa, pronto prá atacar. Às vezes a vó pedia prá ir buscar qualquer coisa na casa da Galba e aquilo era uma verdadeira tortura.
E por falar em lagoa, os malditos gansos que eram pior que qualquer cão de guarda.
Voltando ainda mais no tempo, entre a nossa casa e a do Jairo havia um terreno baldio, sei lá eu deveria ter os meus 7 anos, e lá estava instalado um homem que estava sempre a ouvir rádio, num barraco de madeira e zinco, que nos sorria um sorriso sem dentes mas não nos causava pavor. Não me lembro do seu nome, nem do que lhe aconteceu. Quando saímos daquela casa e voltamos para o bairro Santana ele já não estava lá.
Mas neste terreno aconteceu uma cena bizarra. A minha irmã Monica deveria ter três ou quatro aninhos quando brincava à porta de casa, ao lado da escola, quando um touro desgarrado de uma boiada à caminho do matadouro, atacou-a. Naquela época tínhamos uma empregada, penso que era a Mirtes, que se jogou por cima da Monica. A vó sempre acreditou que naquele momento assistiu a um milagre, quando gritou por Nossa Senhora Aparecida, o touro que já havia pisoteado as duas, olhou prá vó Nair e voltou para a manada. Uma história contada muitas e muitas vezes. A minha irmã saiu ilesa e a Mirtes ficou com ferimentos ligeiros, mas acabou por ser uma heroína.
Caramba, que hoje fui “cavucar” mesmo lá no fundo do baú.
A casa do Retto Júnior era grande mas o quintal era ainda maior e era um paraíso para a nossa fértil imaginação.
Tempinho bão, sô...

sábado, dezembro 22, 2007

Tio Rogerinho, a distância é relativa




Eu hoje estou triste, muito triste.
Ainda não estou muito convencida, parece que vou pegar o telefone e vou falar com ele a qualquer momento e dizer Oi, Guarará. No último domingo, quando ele atendeu, disse rapidamente, "Guarará agora ‘tá’ muito diferente e bonito, tem até ônibus".
Teve a me contar sobre o neto e a neta, da festa de aniversário e outras coisas que me fizeram acreditar que ele estava bem, mas no fundo parece que o sofrimento já era muito.
Gosto de acreditar que o tio Rogerinho fez a passagem para uma outra dimensão e foi recebido com uma grande festa pela minha mãe, a vó Nair e o Vô Rogério, pela D. Carmélia, a tia Maria José e a Dindinha Wilma. Gosto de acreditar que ele está muito bem agora e que cumpriu a sua missão nesta terra.
Ainda não consegui parar a torrente de lágrimas que desde ontem teimam em deslizar pelo meu rosto abaixo. Em muitas situações é mesmo muito mal estar longe da família e nessas, torna-se uma verdadeira tortura. A sensação de vazio, de ter perdido muita coisa no tempo e na distância.
Acho que prefiro me lembrar do tio Rogerinho a andar de bicicleta ou na Exposição Agropecuaria, ou rindo nas várias festas de Natal que passamos em família. Gosto também de lembrar que foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta, foi ele quem me levou pela primeira vez a um baile, foi ele quem esteve sempre presente em todas as dificuldades e socorreu praticamente todos os momentos de aflição da família.
Acho que foi a pessoa mais honesta e correcta que eu conheci. Claro que ninguém é perfeito. Também tinha os seus defeitos, mas eram tão ínfimos que quase nunca vinham à tona.
Foi um filho fantástico, um pai tolerante e um bom marido, e um tio que muitas vezes assumiu o papel de pai para mim, e acredito também, que para a Mónica.
Tio Rogerinho, eu estou longe, mas a distancia é um lugar que não existe. Onde quer que você esteja, espero que esteja em paz, rodeado de luz divina.
Muito obrigada por tudo
Lúcia Cristina

quarta-feira, março 14, 2007

"Não fumes mais... "




Segundo a OMS, um terço da população mundial adulta fuma. Falamos de 1 bilião e 200 milhões de pessoas, dos quais 200 milhões são mulheres. Estatísticas e mais estatísticas... terão alguma influência nas nossas decisões ou precisamos de razões mais fortes, próximas e palpáveis?
Recuperar o paladar e o olfacto. Ter o hálito mais agradável e a pele mais bonita. Experimentar maior tolerância ao esforço. Sentir bem-estar e liberdade. Poder viver mais e melhor. Excelentes motivos para deixar de fumar, que devem sobrepor-se ao receio de engordar.

O medo de engordar



Porque aumentamos de peso quando deixamos de fumar? Não faltam razões:
Redescobrimos o prazer de saborear e cheirar os alimentos;
Comemos mais docinhos, para compensar...;
Já não sofremos o efeito anorexígeno da nicotina (em cada cigarro fumado há um aumento discreto e momentâneo da glicemia, o que "corta" o apetite. Deste modo, muitas refeições são anuladas sem esforço");

A nicotina já não actua sobre a dopamina e a serotonina, que inibem a ingestão de alimentos;
A taxa de leptina, uma proteína implicada na regulação do peso, altera-se;

Por último, e mais importante, houve uma modificação no metabolismo energético.
Já não queimamos tantas calorias só por fumar (200 a 300 por dia).
O ganho de peso situa-se entre 2 e 5,5 Kg.
Aceite-o e relativize-o.
Até porque a tendência é estabilizar e atingir o peso natural algum tempo depois. Para a sua saúde é muito pior fumar do que ter uns quilinhos a mais provisoriamente.
In: "Saúde Pública", n.º 26 de 19 de Março de 2005

segunda-feira, março 12, 2007

Ex-fumadora



Bom, já lá foram 40 dias e creio que posso dizer: Sou uma ex-fumadora. No início foi super difícil, mas depois que fiz a hipnoterapia, quase “esqueci” que fumava. É claro, não vou dizer que não penso no cigarro. Penso, sim. Mas, tenho me sentido tão bem, que essa sensação sobrepõe a vontade.
Em casa, todos fumam, no trabalho, quase todos fumam. E ainda há aqueles que não sabem o que é respeitar os outros e insistem em dizer que estão certos e que vão continuar a fumar na sua sala. Você continua a ser fumador, só que passivo. No próximo ano, quando entrar em vigor a lei antitabagista …
E aquela sensação de liberdade é incrível. Vejo os outros aflitos porque só têm um cigarro e têm de sair à rua para comprar tabaco, ou mesmo quem está sem dinheiro para comprar o seu cigarrinho. Na semana passada, vieram me perguntar "Tens tabaco?" E eu respondi: "Eu não fumo!" . E aí é que me dei conta de que EU NÃO FUMO.... UAU....... DEIXEI DE SER ESCRAVA DE UM VÍCIO .... EU SOU EX-FUMADORA...

É difícil, é preciso muita força de vontade, e vou dizer, ou melhor, escrever uma coisa: quando a gente consegue ultrapassar esse vício, achamo-nos capazes de enfrentar e ultrapassar qualquer obstáculo, do género, eu posso, eu quero, eu consigo. Fantástico !
Aqui vão algumas dicas, tiradas do site da Sociedade Portuguesa de Pneumologia www.sppneumologia.pt
Porque deve deixar de fumar

O tabaco

- Causa doenças como cancro, doenças pulmonares e doenças cardíacas ao fumador activo e ao passivo
- É a causa mais importante de morte e doença que se pode evitar
- O fumo do tabaco tem mais de 4 000 substâncias químicas, grande parte delas tóxicas
- A nicotina é a substância que o torna dependente e encontra-se nos cigarros, cigarrilhas e charutos
• De entre as substâncias tóxicas destacam-se o monóxido de carbono, o alcatrão e irritantes

O que ganha em deixar de fumar

- Vive mais tempo e com melhor qualidade de vida
- Reduz o risco de cancro, doença pulmonar crónica e cardíaca
- Deixa de ter tosse e respira mais facilmente
- O hálito fica mais fresco
- Desaparecem as manchas dos dedos e dos dentes
- Melhora o aspecto da pele
- Melhora o paladar e olfacto
• Não gasta dinheiro inutilmente
• Será um “bom exemplo” para os outros, principalmente para as crianças

A família e os amigos

- Passam a respirar ar mais puro
- As crianças à sua volta têm menos problemas respiratórios

O hábito e a dependência

- A maioria das pessoas que fuma 10 ou mais cigarros por dia está dependente da nicotina
- O fumador habitual fuma muitas vezes sem dar por isso
- Se alterar os seus hábitos é mais fácil evitar de fumar
• A nicotina pode ter um efeito estimulante e aumentar a capacidade de concentração
- Por outro lado pode actuar como um tranquilizante ao reduzir sensações desagradáveis como a ansiedade, agressividade, sensação de solidão ou o stresse
- Quando parar de fumar precisa de combater durante um curto período de tempo a falta
desses efeitos do tabaco
- Alguns fumadores quando deixam de fumar sofrem sintomas de privação como: desejo
compulsivo de fumar, irritabilidade, ansiedade, aumento de apetite, dores de cabeça, insónias, etc. Estes sintomas tendem a desaparecer ao fim de algumas semanas e podem ser reduzidos com medicamentos

Pare de fumar

- A melhor forma de deixar de fumar é parar completamente de um dia para o outro
- Pode pensar que reduzir chega, mas em breve vai fumar tanto ou mais do que anteriormente
• Vai sempre encontrar uma razão para fumar, portanto: é tudo ou nada

Força de vontade

- Não consegue deixar de fumar se não o quiser verdadeiramente
- Ninguem o pode forçar ou ajudar se não estiver decidido
- Deixar de fumar é mais fácil do que pensa

O que deve fazer para deixar de fumar

1. escolha bem o dia em que vai deixar de fumar que pode ser um dia especial como o aniversário, férias, gravidez ou simplesmente o início do fim de semana...
2. avise a família, amigos e colegas de trabalho das suas intenções e peça-lhes ajuda
3. mastigue uma pastilha elástica ou rebuçado sem açúcar para ter a boca ocupada
4. manipule uma chave, um elástico, uma moeda, para manter as mãos ocupadas
5. retire de casa ou do carro o tabaco, cinzeiros, isqueiros ou fósforos, ou pelo menos coloque-os num local de difícil acesso
6. coma muitas vezes por dia em pequena quantidade alimentos saudáveis como fruta
e saladas para não aumentar de peso
7. beba muita água e pratique exercício físico regular (pelo menos andar a pé...)
8. cuidado com o álcool, pois há tendência a substituir uma dependência por outra e o
álcool enfraquece a força de vontade
9. tente evitar serões em frente da televisão nos primeiros dias. Se se sentar como habitualmente em frente do televisor é provável que sinta um grande desejo de fumar
10. evite ocasiões que aumentem a vontade de fumar
(jantares, festas, reuniões sociais...)
11. coma uma maçã ou beba um sumo em vez de fumar na hora do café
12. o desejo de fumar aparece regularmente em intervalos de meia a uma hora e dura cerca de 5 minutos. Respire fundo, beba água, levante-se do sítio onde está sentado que
a vontade de fumar passa rapidamente
13. comece o dia a pensar: “hoje não fumo, amanhã logo se vê”

O aumento de peso
- é usual a preocupação com o aumento de peso após a cessação tabágica
- é verdade que pode aumentar cerca de 2 a 3 Kg, que seria o peso que teria
se não fumasse
- se substituir o tabaco por alimentos ricos em açúcar e gorduras é evidente que
aumentará muito mais de peso
- se estiver atento ao tipo de alimentos, não deixar passar o horário das refeições, programar atempadamente as mesmas, caminhar regularmente, cerca de uma hora por dia a pé, pode evitar esse aumento
- não faça dieta nesta altura. Em princípio o peso voltará ao normal ao fim de um ano. Se tal não acontecer pode programar-se ajuda com uma dietista ou nutricionista

Medicamentos

• hoje em dia existem medicamentos que o podem ajudar a deixar de fumar e a não aumentar de peso. Quase todos são de prescrição médica obrigatória. Peça ajuda ao seu médico
Recompense-se
- é importante que se recompense para não ter a sensação de perda
- gaste o dinheiro que poupou do tabaco em coisas que lhe dêem prazer como por
exemplo roupa nova, perfumes, livros, viagens... A sua maior recompensa vai ser o prazer que vai sentir em ter sido capaz de deixar de fumar

Muito importante

- para a maioria das pessoas as 2 ou 3 primeiras semanas são as mais difíceis
- lembre-se sempre que mesmo após uns meses ou anos sem fumar não deverá fumar um único cigarro
- parar de fumar significa que não poderá fumar de novo, pois o risco de recaída é muito grande
Aponte as principais razões que o levam a querer
deixar de fumar:

1._____________________________________
2._____________________________________
3._____________________________________
4._____________________________________
5._____________________________________

Aponte as principais dificuldades que encontra para
deixar de fumar:

1._____________________________________
2._____________________________________
3._____________________________________
4._____________________________________
5._____________________________________

sábado, fevereiro 03, 2007

Como Parar de Fumar



Parece que foi ontem mas passaram-se quase 30 anos desde que fumei o meu primeiro cigarro. No dia 31 de Janeiro de 2007, por volta das 23 horas, fumei o meu último cigarro. Eu não quero mais fumar, mas está a ser mesmo muito difícil. No dia seguinte à minha decisão, fiquei super esquisita. Não sentia a minha boca, tive tonturas e andava como se não houvesse chão, tipo no ar. Aguentei. Ontem, o segundo dia, foi menos complicado já que não tive nenhuma reacção forte, mas em compensação pensei nele (cigar..) algumas vezes. O mais difícil está a ser conseguir livrar-me dos hábitos. Todas as manhãs, quando chegava ao trabalho, ia beber um cafezinho e fumar um cigarro. E varias vezes ao dia, tinha aqueles horários certos para acender o vicio. Estas são as horas mas difíceis. Hoje, sábado, são já 60 horas sem fumar. Segundo um site que vi ontem, assim que deixamos de fumar, o organismo inicia quase imediatamente, a reparação das lesões existentes, resultando uma série de alterações benéficas para a saúde. Depois de 8 horas, os níveis de nicotina e de monóxido de carbono baixam para a metade e os níveis de oxigénio voltam ao normal.
Depois de 24 horas, o monóxido de carbono começa a ser eliminado do organismo e os pulmões ficam livres de uma série de resíduos e mucos.
Estou exultante já que ultrapassei a barreira das 48 horas, que é quando deixa de existir nicotina no organismo.
O que posso dizer? É incrível como a minha pele mudou em dois dias e respiro fundo com grande facilidade. Espero que isto me dê forças para continuar. Tá muito duro mas, quero dizer no próximo mês, que sou uma ex-fumadora.

terça-feira, julho 18, 2006

Notícias de última hora


Extra, extra !!!!!!!!!!!

Papai Noel veio passar uns tempos no Algarve, e aproveitar as belíssimas praias da Região. De passagem pelos Correios locais, deixou a uma jornalista de origem brasileira e radicada em Olhão, uma enorme caixa perfumada a PHEBO e recheada de prendas. Tudo indica que umas mulheres muito malucas, pertencentes à família Lacerda, natural do Rio de Janeiro, resolveram presentear com cartões, camisolas, vestidos, sandálias e não só, a felizarda jornalista que segundo dizem, quase teve um piripaque de emoção. Em entrevista a Rádio Atlantico, a jornalista de nome Lúcia Cristina garantiu que não estava à espera, e que tudo aconteceu tão rápido, o que deixou-a meio abobada e falando coisas sem nexo:

- Eu quero a paz no mundo e adoro "o Pequeno Príncipe", disse Lúcia Cristina- Gostaria de agradecer a todas e dizer : Obrigada por vocês existirem!

Segundo Lúcia Cristina, a saudade tem-na acompanhado desde a sua vinda para Portugal, mas momentos como esse fazem-na sentir acarinhada e amada.
Entretanto, por mais que tentássemos, não conseguimos entrevistar Papai Noel. O bom velhinho misturou-se aos milhares de turistas, que nesta época do ano visitam a região algarvia.

Por enquanto é tudo no que toca a informação, outras noticias no site
www.atlanticofm.com

10/07/2006

quinta-feira, maio 11, 2006

Tomei coragem e expus as minhas pinturas


Dei voltas e mais voltas, e quando a Paula Ferro me falou sobre o Dom Manuel, em Tavira, não pude recusar. Apesar de achar as minhas pinturas um tanto quanto banais e pueris, embromei, embromei, mas não teve jeito. E lá estão até ao dia 9 de Julho.
Sempre gostei de arte. Todas as manifestações artísticas sempre me atraíram. O teatro, a dança, a pintura e a música, são os meus predilectos. Já experimentei o teatro e a televisão, aliás, representar em palco sempre foi a minha fascinação desde miúda, mas o dia-a-dia e as tais voltas que a vida dá, acabaram por adormecer o “bichinho”. A música sempre me acompanhou. Aos 3 anos de idade, incentivada pela minha mãe e o meu pai emprestado, Octávio, já tocava piano e participava em programas musicais e infantis, na extinta TV Tupi e na TV Globo. Pode parecer incrível, mas lembro-me perfeitamente de vários episódios de “No Reino da Música”, comandado por Wilma Hart (A Xuxa dos anos 60), do programa da “Tia Fernanda”, dos castings para anúncios televisivos e ensaios fotográficos. Sei perfeitamente que tinha menos de 5 anos na época, mas lembro-me com detalhes de várias situações. Quando a minha mãe nos deixou e eu mudei-me para a casa dos meus avós, em Bicas, o estudo de piano ficou em “stand by”, e apesar dos meus esforços e os da Sofia e de sua mãe, D. Mafalda, eu não tinha piano para ensaiar e fui “obrigada” a trocar de instrumento, neste caso a flauta doce, para não perder o “ouvido” para a música. Penso que posso considerar uma frustração não ter avançado com os estudos de piano. A dindinha Wilma incentivou-me a continuar com a flauta doce e até presenteou-me com uma que comprou na Alemanha e que até hoje me acompanha. Mas a minha fascinação com a música não ficou por aí. Os sons do violão também me cativam. Felizmente não tentei cantar. O mundo não estava preparado para a minha voz de taquara meio rachada.
Quanto à pintura, nem sei o que me fez colorir umas telas. Acho que de tanto organizar exposições de pintura durante 4 anos, quando estive à frente da Galeria Dina Brito, aqui em Portugal e de admirar alguns quadros, deu-me vontade de gastar uns “cobres” em tinta, pincéis e telas. Considero-me uma pintora medíocre, não tenho técnica, pinto por brincadeira, mas tomei coragem e expus algumas dessas brincadeiras. . Vamos lá ver no que é que dá.
Se alguém quiser conhecer esses trabalhos, é só ir ao D. Manuel, em Tavira, que abre de terça a domingo, a partir das 19 horas. Aceito as críticas.


Foto: "O Abapuru" de Tarsila do Amaral
Sites:
Pintores Famosos:
http://www.pintoresfamosos.com.br
http://www.trabalhoescolar.hpg.ig.com.br/pintoresfamosos.htm
http://www.buscatematica.com/artes-plasticas.htm
http://www.pinturabrasileira.com.br/
A Arte de Nide em Temas do Folclore Baiano http://www.nidearte.net/temasFol.htm
Portinari
http://www.vidaslusofonas.pt/candido_portinari.htm
Manabu Mabe
http://www.pitoresco.com.br/brasil/manabu/manabu.htm
José Pancetti
http://www.pinturabrasileira.com/artistas_bio.asp?cod=22&in=1
Anita Malfatti
http://www.pitoresco.com.br/brasil/anita/anita.htm
Clovis Graciano
http://www.pitoresco.com.br/brasil/graciano.htm
Aldemir Martins
http://www.itaucultural.org.br/aldemirmartins
Di Cavalcanti
http://www.dicavalcanti.com.br/
Mário Zanini
http://www.mac.usp.br/exposicoes/99/secarte/obras/zanini.html

Tarsila
http://www.tarsiladoamaral.com.br/index_frame.htm

segunda-feira, maio 01, 2006

Feriadão e praia: 'Bão dimais, sô!'





Eh, pá, fui à praia... Quer dizer, não foi bem ir à praia, considerando que fiquei apenas meia hora. A Fuzeta estava óptima neste Domingo. Apesar da minha brancura poder ter assustado alguns mais desavisados, e a água com uma temperatura semi-polar, 'curtí à brava' . Muitas pessoas deram uma escapadinha ao litoral para curtir o primeiro fim-de-semana ensolarado do ano, já que a Semana Santa foi de muita chuva, vento e trovoada. Ontem e hoje, pela manhã, as filas para os barcos em Olhão, eram imensas e nem havia lugar para estacionar na Baixa da cidade. As ilhas constituiram um dos maiores atractivo deste fim-de-semana prolongado, já que o Cerro de São Miguel, continua a ser o local predilecto de romaria no 1º de Maio. Hoje, também os Maios (os bonecos feitos artesanalmente e colocados à porta de casa, que retratam os aspectos da vida quotidiana, e quase sempre acompanhados de versos com crítica social e politica), são atracção e tradiçao nos concelhos de Faro e Olhão.
E São Pedro ajudou. O dia está lindíssimo, quase tropical. É pena que estou aqui, na rádio, a trabalhar. Sacumé, jornalista não tem descanso, mas o céu azul que vislumbro da janela, quase que renova o espírito.
E lá vai outra vez: 'Tá bão dimais, sô...'

Fotos: Fuzeta (Olhão)

esquerda: Ria Formosa

Direita superior : Praia da costa(Fuzeta - Ilha da Armona)

Direita inferior: Boas vindas à Fuzeta, a "Branca noiva do Mar"

E não se pode falar da Fuzeta, sem mencionar os Iris, grupo de Domingos Caetano, fuzetense convicto: www.iris.pt

quinta-feira, abril 27, 2006

Adeus ao Frio...





Felizmente, o frio vai abandonando aos poucos o hemisfério norte desse imenso e pequeno planeta azul. Posso dizer que o longo Inverno é de longe, das coisas mais difíceis de enfrentar na Europa e que faz aumentar as saudades do meu Brasil. Estamos entrando no mês de Maio, e a primavera começa a dar ares de verão. Os meses de Maio e Junho são os que eu mais gosto em Portugal e Espanha. Ainda cai uma chuvinha de vez em quando, as noites são amenas e os dias fantásticos. Flores de todas as cores nascem um pouco por todo o lado. O colorido das borboletas e chilrear dos pássaros, completam o cheirinho a verão. Os pesados sobretudos, os gorros e luvas vão dando lugar a roupas mais leves. Este fim-de-semana consegui ver os meus pés e braços. Oh, meu Deus, já não estou branca, eu estou Verde. Parece mentira, mas durante 7 meses nós não vemos os nossos pés. À hora do banho, o vapor da água 'pelando' e a pressa em vestir meias e roupas quentes, não nos dá tempo de apreciar uma das partes mais importantes do nosso corpo; aquela que nos sustenta e nos leva a todo o lado. Começo a apreciar as sandálias e chinelinhos coloridos que vão aparecendo esporadicamente nas vitrinas.
A depilação deixa de ser um tormento e começamos a nos preocupar com a silhueta que andou coberta durante vários meses e disfarçada pelas lãs. As sopas e comidas quentes e fortes deixaram gordurinhas indesejadas. Aqueles chouricinhos assados à lareira, nas noites frias e os copitos de vinho tinto dão sinal que precisamos de uma dieta para o verão. Começa a instalar-se uma nostalgia de churrascos, praia, bermudas e janelas abertas. É hora de guardar as lãs e pendurar nos armários roupinhas mais leves. Não nega que sou brasileira.
Nem me importo de saber que no verão trabalho muito mais, principalmente aos fins-de-semana. A minha profissão obriga ir aos festivais e concertos de música, festas municipais, entrevistar artistas famosos nacionais e estrangeiros, fazer passeios de barco para as ilhas algarvias numa promoção qualquer, ir a festas VIP ou tradicionais e vai por aí afora. (que chatice, né?),
Mas fazer o quê ? Ossos do ofício… Só me apetece gritar : Venha a Primavera, o Verão, o calor…. A partir de Outubro preocupo-me novamente com o frio….

Fotos: em cima - vista aérea da parte histórica de Olhão - Algarve
Em baixo- Praça dos mercados do peixe e frutas, em Olhão (no verão, há música, karaoke, sorvete, chopp e turistas) E como se diz em Bicas, "É bão dimais da conta, uai"...


quarta-feira, abril 19, 2006

Para a Mônica Monteiro...

Há uns dias, a minha irmã Mónica, disse-me algo por telefone, que tem me feito pensar. Não fazia ideia de que eu pudesse ser a pessoa mais importante na vida de alguém.
Penso que muitas vezes, deixamos as coisas acontecerem, vivemos a nossa vida em função do trabalho, amigos, cuidar da casa, enfim, vivemos o dia-a-dia e esquecemo-nos de pequeninos detalhes que podem fazer com que nos sintamos melhor ou que possam fazer outra pessoa sentir-se também especial. Foi justamente o que aconteceu. Senti-me especial.
E essa verdadeira declaração levou-me novamente a recordações. Voltei ao passado, e dei-me conta que certos acontecimentos da minha vida estavam tão esquecidos na minha memória, que pareciam ser os da vida de outra pessoa.
Quando a nossa mãe Narcisa faleceu, a Mónica tinha apenas 5 dias de vida e eu, 5 anos, mas lembro-me perfeitamente desse dia 11 de Janeiro de 1968. Eu estava a brincar na nossa casa no Bairro Peixoto, Copacabana, com a Tina, minha babá, que junto com o Nilson, tentava distrair-me da enorme tragédia que bateu à porta da nossa família. Eu estava achar muito bom que a vó Nair e vô Rogério estivessem lá em casa, pensava que era alguma festa, com tantas pessoas que me eram queridas, ali, de um lado para o outro. Mas a história era outra, e não vale a pena remexer em feridas antigas. Depois de uns dias que me pareceram confusos, já não me lembro muito bem, chega aquela trouxinha branca com uma bonequinha viva, com uns tufos louros e olhos azuis. Era a minha irmã. Muito azáfama, e um tempo depois, estávamos a viver num lugar que eu adorava: Bicas. A casa da minha avó, no Bairro Santana, era como um refúgio. Amava aquele lugar.
Apesar de ter acontecido há tanto tempo, lembro-me perfeitamente da mexeriqueira no quintal, onde o tio Rogerinho construiu um baloiço, da Maria Fumaça, que passava todos os dias a horas certas, dos vizinhos, D. Assunta, D. Júlia, “Seu” Lindolfo, do pé de Romã no jardim da D. Assunta, da Gogóia, do “Sobe-e-desce”, que com a sua farda de polícia e grande bigode, eram o pretexto para que Waltencir conseguisse me aplicar alguma injeçao quando estava com gripe, da prima Nely, dos quindins na Padaria da Cleomar, dos vestidos curtos, rabo-de-cavalo e chinelinhos. Parafraseando Ataulfo Alves, “eu era feliz e não sabia…”
Nessa época, Bicas era muito diferente. O Bairro Santana parecia-me enorme, quando aos domingos, ia a casa da Grace, e à Piscina. Não havia casas na parte central, só o Ginásio Estadual, onde frequentei depois de acabar o Liceu. Ali, naquele enorme terreno, muitas vezes fui alimentar a minha imaginação infantil, cada vez que um circo chegava à cidade. Nem as ameaças, que o medo da minha avó em que qualquer coisa de mal nos acontecesse ou que alguém do circo me levasse, impediam-me de ir à tarde, depois da escola, ver os animais e tentar arranjar algum amiguinho da minha idade, para me contar como era aquela vida nômade, que me fascinava.

Sempre quis conhecer outras cidades. O mundo e as suas diversas culturas exerciam em mim, qualquer coisa como um encantamento. Colhia informações sobre a Austrália, Japão, Egito, adorava as aulas de Geografia, e devia ser uma das poucas da minha turma que ‘sorvia’ as palavras da Professora Lia, sobre as culturas egípcias, romanas, europeias. Sempre tive ‘sede’ em aprender tudo sobre o mundo. (Da última vez que fui ao Brasil, estive em Guarará e ainda tentei entrar em contacto com a professora Lia e o seu marido António Carlos, que foi também meu professor de Matemática, mas infelizmente não consegui)

A minha vontade de conhecer mundo trouxe-me à Europa. A faculdade de Jornalismo, em Portugal, deu-me bagagem cultural, o meu trabalho na Rádio Atlântico fez-me conhecer os meandros da sociedade algarvia. Mas onde quer que estejamos, o que realmente conta, a nossa personalidade, formada na infância e adolescência, não muda. Algumas arestas são limadas, mas continuamos lá. A família, os amigos, os primeiros professores, demonstrações de ternura e afecto, liberdade relativa e até mesmo os episódios tristes ou caricatos, formam a essência daquilo que somos hoje. E eu sou a mesma pessoa e continuo a derreter-me com demonstrações de carinho como esta, da minha irmã Mónica. Ela também é muito importante na minha vida, apesar da distância física que nos separa.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Malta de Portalegre


Nada como encontrar caras conhecidas ou ter notícias de pessoas que já não fazem parte do nosso dia-a-dia. Uma fase fantástica da minha vida, foi passada na cidade de Portalegre. A vida de estudante foi tudo, menos monótona, e conheci muita gente interessante. Depois, quando acabou o curso, cada um foi para o seu lado, e perdemos o contacto. E quando não estamos a espera de que tal aconteça, um simples jantar pode reavivar a memória. Ontem, uma boa parte dos jornalistas algarvios reuniu-se para um convívio, em Faro, onde acabei por encontrar alguém dos tempos estudantis, em Portalegre. Também vi que não sou a única nostálgica. Descobri o blog da malta. http://velhosdeportalegre.blogspot.com
Agora, sempre que puder, vou clicar prá matar as saudades.

"De Portalegre cantando...
meu canto é doce, é amargo,
já sinto os olhos turvando,
Já sinto o peito mais largo.... "

terça-feira, janeiro 10, 2006

Falando Sério - 2006





Tratado de Kioto

Mais um ano recheado de catástrofes por todo o mundo. O Homem torna-se assim, assassino de si mesmo. Muitos dos acontecimentos trágicos deste ano que passou, teve o dedinho do Homem. O futuro está a ser traçado por profundas transformações.
Há mais de duzentos anos, quando a Revolução Industrial marcava o início de uma nova era, ainda não havia uma consciência ambiental. Não havia necessidade, já que os recursos naturais eram abundantes. Mas, as indústrias foram crescendo, a população foi aumentando, e a tecnologia tornou-se tão desenvolvida, que cada inovação torna-se obsoleta em pouco tempo. A natureza, em especial, a atmosfera está a degradar-se devido a esses avanços e exploração abusiva. A emissão de gases tóxicos é uma realidade, e a falta de preocupação com a natureza e seus recursos chega a assustar. Como será possível viver neste planeta daqui a 3 gerações, por exemplo? Esta despreocupação com os recursos naturais tem acarretado uma série de fenómenos provocados pelo chamado "aquecimento global".

E devido a globalização, temos conhecimento desta realidade. É só ver as noticias: Frio mata no norte da Europa, há falta dagua em Portugal e Espanha, calor matou centenas de pessoas no último verão, há cheias em Moçambique, fogo na Califórnia e em Sidney, na Austrália. Furacões assolaram o Atlantico e atingiram o poderoso chefão. Desde ontem que Portugal está a ser abalado por sismos de magnitude 5 na Escala de Richter.

Nos últimos anos, as Organizações não governamentais de preservação ambiental e a comunidade cientifica têm tentado alertar o mundo, que já está consciente de que os bens que a natureza oferece à humanidade, são escassos e não se renovam facilmente. O desenvolvimento sustentável que tanto se fala hoje em dia, é uma necessidade para que o mundo não entre em colapso.

O dióxido de carbono (CO2) em excesso na atmosfera é responsável por muitos males, incluindo o "Efeito Estufa", que acumula partículas desse gás no ar, impedindo que as radiações de calor da terra possam ir para o espaço, criando, assim, o aquecimento global (ver gráfico à esquerda). Cerca de 70% de CO2 na atmosfera provem das emissões dos países industrializados. A isso, juntam-se os desmatamentos, os milhares de hectares de florestas destruídos pelo fogo, um pouco por todo o mundo, e aí está o big problema actual.

Em 1997, uma conferência na cidade japonesa de Kioto, reuniu representantes de diversos países. O tema da conferência era justamente a questão do aquecimento global, provocado pelos tais gases, e foi discutido como diminuir ou parar este efeito. O Tratado de Kioto foi o resultado desta conferência. Este Tratado é um documento onde os países participantes se responsabilizariam em diminuir a poluição causada por seu desenvolvimento, especialmente o industrial. Mas era necessária a adesão de 55% dos países para que o tratado desse certo. Algumas instituições e governos já tomaram a iniciativa e estão desenvolvendo, com sucesso, projetos de seqüestro de carbono. Não apenas com o objetivo de preservação ambiental, mas também como uma poderosa fonte de renda, e cá p’ra mim se não fosse a tal fonte de renda…

Este sequestro de carbono, não é nada mais nada menos, que muito carbono a ser absorvido por florestas, como a da Amazónia, através do processo de fotossíntese. Mas o carbono emitido pela população mundial não consegue ser absorvido pelo pouco verde existente no planeta.
Na opinião de muitos cientistas, o problema não está na emissão dos gases em si, mas na sua quantidade excessiva que a natureza não consegue absorver através da fotossíntese, processo no qual as plantas captam dióxido de carbono e liberam oxigênio. O que fica de CO2 excedente na atmosfera contribui para o efeito estufa.

Mas será possível que alguns governantes cabeças-duras não vêem que se assim continuar não vai haver nada para governar daqui a uns anos? As catástrofes, resultantes do efeito estufa vão continuar um pouco por todo o mundo. Nos EUA, até resolveram mudar os nomes femininos dos furacões para as letras do alfabeto grego. Mas se nada for feito, se o Tratado de Kioto (ou Kyoto, em alguns países) não sensibilizar mais governantes, qualquer dia, não vai haver alfabeto que chegue.


E nós ? Onde ficamos nós?

Fonte: Marcos Carneiro
Jornal O Girassol em
http://www.ogirassol.com.br/aprender51/

Mais informações sobre o Tratado de Kioto:

Ministério da Ciência e Tecnologia BR - http://agenciact.mct.gov.br/index.php?action=/content/view&cod_objeto=17978

WWF - http://www.wwf.org.br/participe/minikioto_listapaises.htm

6 perguntas sobre o Tratado (em espanhol) - http://www.20minutos.es/noticia/5208/0/kioto/protocolo/emision/

Efeito Estufa - http://www.geocities.com/Augusta/7135/

Mudanças Climáticas - http://www.comciencia.br/reportagens/clima/clima11.htm

Imagens: www.escolavesper.com.br
www.radiobras.gov.br/

segunda-feira, novembro 14, 2005

Lembranças e Lembraduras de Bicas - parte 2


Tenho que escrever sobre Bicas outra vez. Tenho recebido muitos e-mails, desde que lancei no blog “Lembranças e lembraduras de Bicas”. Recebi um, com fotografias e tudo. Veio da parte da prima de uma colega que acompanhou comigo, o ginásio e o segundo grau. Foi fantástico ver as fotografias e saber que mais pessoas partilham comigo, as saudades de Bicas. Depois que escrevi aquele “post”, andei a revolver nos arquivos da minha memória, diversas situações que se passaram, em Bicas. Algumas caricatas, outras nem por isso, e que achei melhor deixar arquivadas… Em breve….

Fotografia: Vista aérea da cidade de Bicas, em 1995, mostrando o centro e o morro do cruzeiro (no meio), a região da exposição agropecuária (à direita) e a parte alta (à esquerda). Bicas encontra-se, como várias outras cidades da Zona da Mata de Minas Gerais, envolta pelo típico relevo local conhecido como "mar de morros". in http://pt.wikipedia.org/wiki/Bicas

quinta-feira, outubro 20, 2005

Preocupar, prá quê?

Recebi esta mensagem há alguns dias e achei que poderia melhorar o astral de muita gente:

Há apenas duas coisas com que se preocupar:
se estás bem,
ou se estás doente.
Se você está bem
nada há com que se preocupar...
Se estás doente,
há duas coisas com que se preocupar:
se você vai ficar bem,
ou se vai morrer.
Se ficares bem,
não há nada com que se preocupar.
Mas se você morrer,
há duas coisas com que preocupar:
Se você vai para o céu,
ou se você vai para o inferno.
Se você vai para o céu,
não há nada com que se preocupar.
E se você vai para o inferno,
estará tão ocupado cumprimentando os amigos
que nem terá tempo de se preocupar...
Então, porquê se preocupar ?
Realmente, não há com que se preocupar



Obs. : Esta imagem foi retirada do site www.maps-of-mexico.com .