sábado, dezembro 22, 2007

Tio Rogerinho, a distância é relativa




Eu hoje estou triste, muito triste.
Ainda não estou muito convencida, parece que vou pegar o telefone e vou falar com ele a qualquer momento e dizer Oi, Guarará. No último domingo, quando ele atendeu, disse rapidamente, "Guarará agora ‘tá’ muito diferente e bonito, tem até ônibus".
Teve a me contar sobre o neto e a neta, da festa de aniversário e outras coisas que me fizeram acreditar que ele estava bem, mas no fundo parece que o sofrimento já era muito.
Gosto de acreditar que o tio Rogerinho fez a passagem para uma outra dimensão e foi recebido com uma grande festa pela minha mãe, a vó Nair e o Vô Rogério, pela D. Carmélia, a tia Maria José e a Dindinha Wilma. Gosto de acreditar que ele está muito bem agora e que cumpriu a sua missão nesta terra.
Ainda não consegui parar a torrente de lágrimas que desde ontem teimam em deslizar pelo meu rosto abaixo. Em muitas situações é mesmo muito mal estar longe da família e nessas, torna-se uma verdadeira tortura. A sensação de vazio, de ter perdido muita coisa no tempo e na distância.
Acho que prefiro me lembrar do tio Rogerinho a andar de bicicleta ou na Exposição Agropecuaria, ou rindo nas várias festas de Natal que passamos em família. Gosto também de lembrar que foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta, foi ele quem me levou pela primeira vez a um baile, foi ele quem esteve sempre presente em todas as dificuldades e socorreu praticamente todos os momentos de aflição da família.
Acho que foi a pessoa mais honesta e correcta que eu conheci. Claro que ninguém é perfeito. Também tinha os seus defeitos, mas eram tão ínfimos que quase nunca vinham à tona.
Foi um filho fantástico, um pai tolerante e um bom marido, e um tio que muitas vezes assumiu o papel de pai para mim, e acredito também, que para a Mónica.
Tio Rogerinho, eu estou longe, mas a distancia é um lugar que não existe. Onde quer que você esteja, espero que esteja em paz, rodeado de luz divina.
Muito obrigada por tudo
Lúcia Cristina