Cadeia do Bem

Ajudar quem realmente precisa faz um bem incrível a nós. Experimenta também...

É.... parece que ando com o tal ‘bloqueio de escritor’, mais comumente conhecido por preguicite aguda. Com 49 anos de existência, 20 passados em Portugal, posso dizer que não fiz nada nesta vida que me trouxesse alguma tranquilidade material, digamos assim. Trabalho, trabalho muito, mas como alguém me disse uma vez, quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. Parece que o ditado se aplica aqui como uma luva. Mas não posso dizer que tenho deixado a vida passar por mim, pelo contrário, tenho vivido intensamente cada segundo, tentando dar o meu melhor e fazendo sempre o que acho ser o melhor para mim e para os que me rodeiam. Claro, eu erro. Normal! Faço parte da raça humana e acredito que temos de passar por diversas circunstâncias para corrigir erros e tentar evoluir espiritualmente. Mas, às vezes é muito difícil e ponho-me a pensar: o que seria do mundo se tudo fosse cor de rosa ou azul, se tudo desse certo, se tudo corresse muito bem, se não houvesse fome, violência, poluição, vinganças, raivas... se todas as pessoas se dessem bem, se não houvesse guerras, se o amor prevalecesse sempre... aí, seríamos perfeitos e não humanos mas, gostaria que tudo fosse 70. Eu explico: Se 70% das coisas dessem certo, se diminuíssem 70% das guerras, se sanassem 70% da fome global, se houvesse menos 70% de violência contra animais e pessoas, menos 70% de poluição, se houvesse mais 70% de amor em cada pessoa, ou se a ganância diminuisse 70% … Ok, é utópico mas penso que se eu e você tentarmos melhorar 1 % que seja, aqui, dentro de nós, vamos estar a contribuir para o tal 70% de bem-estar. E não é preciso muito, senão vejamos: se eu e você não desperdiçarmos alimentos estaremos a ajudar a problemática da fome, se separarmos o nosso lixo, principalmente plástico e latas, estaremos a ajudar na situação da poluição e consequente disturbio climatérico em nosso planeta. E mais, se tentarmos ajudar um animal em dificuldades, se contarmos até 10 antes de explodirmos com uma situação de injustiça, ou até mesmo tentarmos compreender aquele vizinho que não se dá com ninguém, acho que estaríamos a melhorar a nossa vivência por aqui. Mas acho que o mais importante é mesmo amar, não o sentimento de posse em relação a um parceiro ou parceira mas aquele sentimento de gostar de alguma coisa ou de alguém, fazer alguma coisa boa, sei lá, ajudar outra pessoa com uma qualquer necessidade... O melhor é mesmo tentar imaginar que somos a ‘outra pessoa’, tentando sempre não fazer nada daquilo que não gostaríamos que nos fizessem. Acho também que um sorriso, um bom dia bem dado, com vontade e sentimento, fazem toda a diferença.
Agora estou a me lembrar de um filme (Pay it forward – No Brasil: A corrente do bem , em Portugal: Favores em Cadeia, baseada na obra de Catherine Ryan Hyde), onde o pequeno Trevor McKinney, interpretado por Haley Joel Osment, organiza um projeto escolar com uma espécie de cadeia de bondade muito simples: fazer um favor a alguém que realmente a ajude e pedindo para que o favor não lhe fosse retribuído, mas sim a três outras pessoas que, em troca, fariam o mesmo a outras três e assim, sucessivamente. Uma ideia pura e sincera que acabou por ter um enorme impacto na comunidade. Porque não damos início numa corrente parecida mas sem um número fixo, ou seja, não necessariamente 3 pessoas mas 1, ou quantas pudermos ajudar. Seria interessante e talvez nos sentíssemos melhor, sem aqueles vazios que nos acompanham em certos momentos da vida. Que tal aproveitar essa ideia ? Eu já dei início à minha ‘Cadeia do Bem’ e resulta: sinto-me muito melhor.


“A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira” . Léon Tostoi