sexta-feira, setembro 18, 2009

Como o Roberto Leal - Remake



A pedidos, estou a republicar um post de Setembro de 2005:

"Como o Roberto Leal"

Já estou como o Roberto Leal, que sente-se português lá e brasileiro cá.
Quando chegamos aqui (de lá) ou cá (de cá) a confusão instala-se.
Termos e palavras portuguesas com sentidos completamente diferentes fazem com que brasileiros recém-chegados cometam gafes atrás de gafes. Nunca, em momento algum, diga que deu uma rata, que aqui é tremendamente pejorativo. Cometeu uma gafe, viu? GAFE !

Tou sim, ou está lá, são as habituais saudações, e com licença, as despedidas, quando se fala ao telefone. O celular passa a telemóvel e rapariga não é palavrão.
Comprar carne no talho ou um martelo na drogaria ou linhas e agulhas na retrosaria, são alguns exemplos das subtis diferenças. Mas o melhor é que carregar é o mesmo que apertar, e autoclismo é o mesmo que descarga. Tem mais, muito mais. Não se despeja o lixo e sim, deita-se o lixo. Não se usa água sanitária, mas sim, lixívia. Uma lagartixa vira osga e uma patricinha é queque (Não confundir com que + ca – é palavrão e designa acto sexual).
Se é da hora, é fixe e se é fantástico, é bué d’a fixe. Se uma pessoa é legal, prá cima, aqui passa a ser porreira. E paneleiro não é aquele faz panela, mas é o gajo, ou cara, que senta na boneca. Bicha portuguesa é fila brasileira.
Cu não é palavrão e designa a parte traseira, a poupança, as nádegas, o bumbum dos portugueses e portuguesas, aliás aqui, o comum não é cair sentado, mas sim, cair de cu. Injecção é pica. Já viram então como fica, levar uma injecção nas nádegas. É prá qualquer brasileiro ou brasileira, que não goste, é claro, sair correndo de uma sala de hospital ou enfermaria, ah, e quem tem muita energia, é porque tá cheio de pica. Pensando bem, até tem um bocado de lógica.
Aqui nada é planejado, tudo é planeado. Cueca é de mulher e homem usa camisola. Aliás, para dormir o que se usa é camisa. Antes de deitar, lavam-se os dentes na casa de banho. A privada vira pia, e a pia passa a ser lavatório. Não se esqueça então, de carregar no autoclismo, tá a ver? Ah, aqui, em algumas regiões, dá-se banho e não toma-se banho.
Puto também não é palavrão, aliás, puto é o mesmo que menino, mas o feminino continua a significar a mesma coisa tanto em terras lusas quanto em terras de Vera Cruz.
Ir ver uma partida de futebol é ir à Bola, se for a praia, vai à banhos, se for a padaria, vai ao pão. O mais giro, ou o mais bonito, é que engraçado é bonito. Não, não estou disléxica, é que se achamos que alguém tem uma beleza especial, então achamos a pessoa engraçada. Dá p’rá sentir a confusão? Uma pessoa engraçada para o brasileiro é uma pessoa cómica para o português.
Essas são apenas algumas das diferenças que o oceano interpôs entre o português do país original e o português do nosso Brasil.

Você sabia que cerca de 6.800 línguas são faladas em todo o mundo? Se quiser saber quantas línguas existem no Brasil, é só ir ao site http://www.aultimaarcadenoe.com/linguistico.htm

1 comentário:

  1. Adorei o comentário. Instrutivo, até. Quando for lá vou tentar me lembrar de algumas coisas para nãopagar mico... rs

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