domingo, setembro 20, 2009

USA for Africa


Para matar saudades...

Para quem é ainda muito novo para se lembrar, este foi um grande sucesso em várias partes do mundo, incluindo Brasil.

Belos anos 80. Lembro-me de juntarmos grandes turmas para cantar em karaokês no Baixo Leblon

Era o must dos musts...

Vale a pena dar uma espreitadela a essa turma especial que conseguiu unir-se e proporcionar um dos maiores momentos da música inter-cultural-racial-artística-global.

O single foi escrito por Michael Jackson, e depois é só ver o "cacifo" dos vocalistas:
Bob Dylan, Kim Carnes, Ray Charles, Daryl Hall, James Ingram, Michael Jackson, Al Jarreau, Billi Joel, Cyndi Lauper, Huey Lewis, Kenny Loggins, Willie Nelson, Steve Perry, Lionel Richie, Kenny Rogers, Diana Ross, Paul Simon, Bruce Springsteen, Tina Turner, Dionne Warwick, Stevie Wonder, Dan Aykroyd, Harry Belafonte, Lindsey Buckingham, Sheila E, Bob Geldof, Jackie Jackson, LaToya Jackson, Randy Jackson, Tito Jackson, Waylon Jennings, Bette Midler, John Oates, Jeffrey Osborne,The Pointer Sisters e Smokey Robinson.


Quanto aos instrumentistas, o que muita gente não sabe é que tinha lá o "dedinho" de um carioca na percussão: Paulinho da Costa, que acompanhava Michael Boddicker - sintetizadores, programação, Louis Johnson - baixo, Michael Omartian - teclados, Greg Phillinganes - teclados e John Robinson - bateria, ou seja, gente da pesada.


Com vocês, We arte the World


Desabafos de uma brasileira...


Em terras lusas desde o início de 1992, enfrentei muitas "batalhas" num país onde ninguém conhecia e passei a fazer parte de uma minoria.
Cheguei aqui quando ser brasileira era quase pejorativo. Passei dificuldades, fome, solidão, fui maltratada muitas vezes, sofri acidentes e, sem dar o braço a torcer, dizia à família que estava tudo bem.
Por carta era mais fácil e ainda não havia ocorrido o advento dos telemóveis banais e e-mails. Mas não foram sempre momentos ruins.
Posso dizer que do muito que passei, também houve um outro lado. Encontrei gente honesta, bondosa e desprendida que irei sempre agradecer em minhas orações, porque ajudaram-me a ultrapassar todas as etapas mais difíceis e deram-me um bocado do espírito “Pollyana”, de encontrar sempre uma coisa boa para ultrapassar o ruim, achar o lado bom de cada momento negativo.
Passei também a dar valor ao país onde vivo e que um dia foi também do meu avô e reconhecer o valor do país donde vim. Surgiu um patriotismo que eu não sabia que existia. Quis “consumir” tudo o que vinha do meu Brasil Varonil: música, artes, literatura, gastronomia e cultura. Passei a ser uma “defensora” verde e amarela.
As saudades fazem sempre parte da minha vida. Agora tenho saudades da família, da minha terra, dos carinhos, da infância e da juventude. Penso que este será um sentimento que vai perdurar, porque se um dia, voltar para o Brasil, tenho a certeza absoluta que sentirei saudades de Portugal. A nostalgia apaga aqueles momentos ruins e dá um tom cor-de-rosa a tudo. É interessante a capacidade do ser humano em esquecer as coisas mais trágicas. Fantástico!
Essas são páginas viradas de uma das vidas que vivi nesta minha passagem. É que as fases da minha vida são tão vincadas, em lugares tão distintos, que às vezes tenho a impressão de que são vidas de outras pessoas. Mas esta página, este momento que estou a viver, agrada-me muito. Problemas todos temos e continuaremos a ter, enquanto por cá andarmos. Mas depois de dar a volta por cima, tudo o que vier, vem bem.
Que os bons ventos continuem...
Foi por isso que eu resolvi construir este blog. Para estar em contacto. Em contato com o mundo, em contato também com as minhas lembranças, sem perder o rumo da actualidade.
Sei que muitas pessoas ficam á espera que eu escreva qualquer coisa diferente. A 'galera' de Bicas city parece estar sempre atenta. Pode ter sido negligenciado por muito tempo, mas agora vou “detonar”.
Um bem haja a todos aqueles que por cá passarem para dar uma “espreitadela”. Sintam-se bem vindos!
Isso aqui era prá ser um pouquinho de Brasil, iá iá...

Parecem brasileiros?

Um coral da longínqua Eslovênia, Perpetum Jazzille, consegue um ritmo de samba quase impossível para muitos estrangeiros.
Claro que dá prá sentir uns nuances na pronúncia, mas está lindíssimo. Vejam e comprovem !

http://www.youtube.com/watch?v=jmttwEHdfB0

Tem que ser 'na base' do link porque ainda estou a ver como coloco vídeos no blog...

sábado, setembro 19, 2009

Especialmente diferente


Gente, verão tá acabando.
Devagarinho, o vento e o frio começam a chegar a este "jardim á beira-mar plantado". Mais um verão e não fui à praia. Parece mentira!. Trabalhei como uma louca e nem tive tempo de molhar os pés no mar.
E da maneira como estou branca ficava até mais fácil entrar em contacto com a família, porque assim que os raios de sol banhassem esse corpinho emprestado por Deus, provavelmente o reflexo seria tão forte que ia ser visto lá do Brasil! Podia fazer sinais de luzes. LOL

Mas, não estou para falar do verão que isso já há muita gente a fazer. Quero falar um pouquinho sobre preconceitos.

Ontem, participei de uma tertúlia sobre quebrar preconceitos. Foi enriquecedor. Uma iniciativa do movimento jovem local (MOJU) que elaborou um projecto fantástico: Olhares sem Preconceito e que, durante o ano passado, tentou mostrar aos olhanenses um pouco da cultura de vários povos que escolheram viver no concelho de Olhão. Brasi, India, Cabo verde e países de Leste juntaram-se ao projecto e tentaram passar um pouquinho da gastronomia, artes, história e vivências. Nem precisa dizer que "agarrei" esse projecto desde o início.

Ontem foi o culminar desta iniciativa. Estive em cima de um palco, a falar da minha experiência em Portugal e ouvi a história de alguns imigrantes de outros países, alguns com uma grande barreira de separação: a língua.

Mas a parte mais tocante foi o depoimento de alguém, com laços africanos e de raça negra. Esta pessoa sofreu por causa da sua côr, apesar de ter nascido em Portugal. Era chamada de preta, escarumba, gorda, tudo o mais que, para uma criança, pode ser altamente prejudicial na sua formação. Diziam uma frase que também já ouvi muitas vezes em Portugal: "Volta prá tua terra!". Na sua inocência infantil mostrava o seu bilhete de identidade e dizia: eu sou portuguesa!Mas esta pessoa, hoje uma mulher, conseguiu "sacudir a poeira e dar a volta por cima". Confesso que fiquei tocada com a sua história e vi, no rosto de alguns ouvintes, que este não é um caso isolado. E não é.

O preconceito, a diferença e a xenofobia são reais. Existem, por vezes de uma forma velada, mas estão lá. Só me pergunto. Por quê? O pré-conceito é uma forma horrível do ser humano mostrar a sua ignorância. O preconceito pela cor e origem de outro ser humano, o preconceito pelas opções sexuais (não vejo o que uma opção sexual de uma pessoa possa interessar a outra), o preconceito até mesmo por algum tipo de tarefa ou trabalho ou pelas suas posses e grau cultural, sei lá...

Não consigo entender, por exemplo, o facto de ser negro, ou chinês, ou brasileiro, ser homossexual ou pobre possa prejudicar alguém.

Acredito que a única pessoa que se prejudica é a própria pessoa que vive uma vida preconceituosa. Muitas nem sabem o que é preconceito mas minimizam quem é diferente.

Ei, acordem, cada um é livre de escolher o seu caminho.

Li algures que "a cor da pele, o que somos ou fomos é simplesmente banal , porque a caveira que somos é sinal de igual!".

Já não me apetece escrever sobre este assunto. Vou é dirigir uma oração por essas pessoas, que sem saber, estão a fazer muito mal a elas próprias:

"Senhor, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem!"
Nota: As várias cores deste post foram propositais !!!

sexta-feira, setembro 18, 2009

Como o Roberto Leal - Remake



A pedidos, estou a republicar um post de Setembro de 2005:

"Como o Roberto Leal"

Já estou como o Roberto Leal, que sente-se português lá e brasileiro cá.
Quando chegamos aqui (de lá) ou cá (de cá) a confusão instala-se.
Termos e palavras portuguesas com sentidos completamente diferentes fazem com que brasileiros recém-chegados cometam gafes atrás de gafes. Nunca, em momento algum, diga que deu uma rata, que aqui é tremendamente pejorativo. Cometeu uma gafe, viu? GAFE !

Tou sim, ou está lá, são as habituais saudações, e com licença, as despedidas, quando se fala ao telefone. O celular passa a telemóvel e rapariga não é palavrão.
Comprar carne no talho ou um martelo na drogaria ou linhas e agulhas na retrosaria, são alguns exemplos das subtis diferenças. Mas o melhor é que carregar é o mesmo que apertar, e autoclismo é o mesmo que descarga. Tem mais, muito mais. Não se despeja o lixo e sim, deita-se o lixo. Não se usa água sanitária, mas sim, lixívia. Uma lagartixa vira osga e uma patricinha é queque (Não confundir com que + ca – é palavrão e designa acto sexual).
Se é da hora, é fixe e se é fantástico, é bué d’a fixe. Se uma pessoa é legal, prá cima, aqui passa a ser porreira. E paneleiro não é aquele faz panela, mas é o gajo, ou cara, que senta na boneca. Bicha portuguesa é fila brasileira.
Cu não é palavrão e designa a parte traseira, a poupança, as nádegas, o bumbum dos portugueses e portuguesas, aliás aqui, o comum não é cair sentado, mas sim, cair de cu. Injecção é pica. Já viram então como fica, levar uma injecção nas nádegas. É prá qualquer brasileiro ou brasileira, que não goste, é claro, sair correndo de uma sala de hospital ou enfermaria, ah, e quem tem muita energia, é porque tá cheio de pica. Pensando bem, até tem um bocado de lógica.
Aqui nada é planejado, tudo é planeado. Cueca é de mulher e homem usa camisola. Aliás, para dormir o que se usa é camisa. Antes de deitar, lavam-se os dentes na casa de banho. A privada vira pia, e a pia passa a ser lavatório. Não se esqueça então, de carregar no autoclismo, tá a ver? Ah, aqui, em algumas regiões, dá-se banho e não toma-se banho.
Puto também não é palavrão, aliás, puto é o mesmo que menino, mas o feminino continua a significar a mesma coisa tanto em terras lusas quanto em terras de Vera Cruz.
Ir ver uma partida de futebol é ir à Bola, se for a praia, vai à banhos, se for a padaria, vai ao pão. O mais giro, ou o mais bonito, é que engraçado é bonito. Não, não estou disléxica, é que se achamos que alguém tem uma beleza especial, então achamos a pessoa engraçada. Dá p’rá sentir a confusão? Uma pessoa engraçada para o brasileiro é uma pessoa cómica para o português.
Essas são apenas algumas das diferenças que o oceano interpôs entre o português do país original e o português do nosso Brasil.

Você sabia que cerca de 6.800 línguas são faladas em todo o mundo? Se quiser saber quantas línguas existem no Brasil, é só ir ao site http://www.aultimaarcadenoe.com/linguistico.htm

Momento super especial

Há momentos na vida de um jornalista que valem por todas as desgraças com que lidamos no dia-a-dia. Há momentos na vida de uma brasileira há quase 20 anos longe do seu país que valem tanto que não há nem com o que comparar.


Estar à conversa com o Gilberto Gil, uma pessoa fascinante e com uma luz fantástica, foi um desses momentos.


E como eu sou de matar a cobra e mostrar o pau, aí tem registado numa fotografia o momento que se tornou ainda mais especial por ter sido partilhado com o 'rei do samba', o Martinho lá da Vila.


São esses momentos que compensam todos os outros trabalhos, muitas das vezes penosos, que vivemos a cada dia como jornalista, neste mundo cada vez mais maluco.


Para quem gosta de vir aqui dar uma olhadela naquilo que escrevo (agora será mais amiúde), taí ! Acho que dá prá perceber o meu estado de espírito naquele momento.
Beijocas...