Trabalhando que nem uma louca hoje tirei umas duas horitas prá ficar de bobeira. Sem nada de concreto prá falar, escrever ou ler. E como há muito tempo não tenho escrito nada nos meus blogs vou actualizá-los.
É verão aqui na Zoropa. Como se diz aí no Brasil, "num é mole não". Depois de vários meses de frio, chuva, cachecóis e luvas, o calor vem com a força toda. Calor, radiação ultra-violeta, incêndios, gripes malucas e os milhares de turistas que literalmente invadem o Algarve nesta época do ano. Parecem aquelas formiguinhas, umas atrás das outras, não daquelas que ajudam as suas iguais a carregar uma pesada folha, mas daquelas que tentam tirar o pedacinho da folha da outra formiguinha que ficou prá trás. E depois vêm stressadíssimos. Também trazem mulher, filhos, sogra, papagaio, periquito, o cão e querem ir a praia com toda essa gente, mais a toalha, cadeira, caixa com cerveja, a bola pro filho, a piscininha prá filhinha, a barraca, os sacos com protetor solar, cigarros, biscoitos, banana, ufa...Aqui, onde moro, para ir à praia, só mesmo apanhando barco. Já viu o que é enfrentar uma fila enorme de outros turistas iguais, logo de manhã, depois de um café da manhã barulhento, entrar num barco atulhado de gente, com essa tralha toda? Isso sem contar o tempo que demorou prá estacionar o carro porque milhares de pessoas tiveram a mesma idéia. Depois tem de andar até a praia carregando tudo sem pensar na volta. Quando estão todos bem rosados, saem da praia, enfrentam outra fila, outro barco a abarrotar e aí começa mais um perrengue.
Chegar a Olhão, ir buscar o carro que entretanto ficou mal estacionado, tem um papelzinho azul no pára-brisas dizendo que tem de ir à Polícia pagar a multa por ter parado ali. Corre prá casa alugada por um preço astronómico. Só consegue tomar banho depois da mulher, filhos, sogra, papagaio e periquito. Ah, e o cão, é claro.
Depois a mulher quer sair prá ir a um restaurante. Outro perrengue prá estacionar o carro, encontrar um restaurante que tenha lugares prá essa gente toda. As crianças choram que têm a pele a arder. A sogra reclama, a mulher tá aborrecida. E o cara aguenta, até um certo ponto. Uma hora acaba por estourar. Depois quem é que paga tudo isso? Quem mora aqui, porque quem está de férias tá tão stressado que desconta em qualquer um. Maltratam os empregados de supermercado, de padaria e de restaurante.
É, viver no sul de Portugal com essas praias magníficas a receberem galardões internacionais é dose. Cada vez vêm mais turistas stressados querendo ver tudo em poucos dias.
Praia prá nós? só quando acabar o mês de Setembro, senão stressa.
Viva a internet e as novas tecnologias. Já pus um protector de ecran com uma bela paisagem da Restinga da Marambaia e vou sonhando que estou ali naquelas areias branquinhas.
Falando sério, acho que estou mesmo a precisar urgentemente de ir ao Brasil. Saudades da beleza do meu Rio e do encanto de Bicas, Guarará...
Para o ano quem sabe?